TRABALHO ESCRAVO NA UFMA?
O Ministério Público do Trabalho no
Maranhão (MPT-MA) ajuizou uma ação civil pública com pedido de liminar em face
da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), da construtora ZURC Saneamento e
Construções e do empresário Antonio Fernando Silva e Cruz. A ação requer o
cumprimento de 28 obrigações de fazer e não fazer e o pagamento de dano moral coletivo
de R$ 1 milhão pela exploração de trabalhadores em situação análoga à de
escravo durante a construção do prédio da faculdade de medicina em Imperatriz.
As investigações começaram em 2014 pela
Procuradoria do Trabalho de Imperatriz. Segundo o procurador responsável pelo
caso, Ítalo Ígo Ferreira Rodrigues, em ações fiscais realizadas de 11 a 21
novembro daquele ano, foram resgatados 17 operários submetidos ao regime
semelhante ao de escravidão. Na ocasião, o Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE) lavrou 29 autos de infração e interditou o alojamento e equipamentos como
andaimes, betoneira e policorte.
Segundo consta os trabalhadores estavam
alojados em barracões junto com ferramentas e materiais utilizados na
construção. As paredes eram improvisadas com tábuas, sem qualquer privacidade e
expondo os trabalhadores a intempéries, insetos e poeira. Não havia também
armários individuais e nem camas: cada operário tinha que providenciar sua
própria rede, lençol e ventilador.
No refeitório, a mesa era improvisada
com três tábuas dispostas uma ao lado da outra, fixadas em barrotes de madeira.
O local não tinha paredes, lavatório e lixeira. Para aquecer as refeições
fornecidas durante os dias de trabalho e cozinhar aos domingos, os homens
fizeram um fogareiro utilizando lata e argila.
A água utilizada para consumo humano
era colhida de uma torneira e não passava por nenhum processo de filtragem. O
empregador também não fornecia copos individuais ou descartáveis. "Os
trabalhadores eram obrigados a utilizar o mesmo copo ou a tampa de garras
térmicas ou então bebiam diretamente da boca da garrafa", acrescenta o
relatório.
No canteiro de obras, não havia
vestiário e nem lavanderia e os banheiros eram inadequados. "As condições
das instalações sanitárias disponibilizadas, além de vergonhosas, são
insalubres e indignas", lamentou o procurador Ítalo Ígo Ferreira
Rodrigues. Os gabinetes sanitários estavam sem portas e os banheiros sem
chuveiro, além da ausência de lixeiras, de material para enxugo das mãos e
papel higiênico.
Sobre a responsabilidade solidária da
Universidade Federal do Maranhão, por ser a contratante dos serviços, o MPT-MA
foi categórico: "houve omissão da UFMA em seu dever de fiscalizar a
execução do contrato administrativo, contribuindo, assim, com os gravames
perpetrados aos direitos e garantias fundamentais dos trabalhadores".
O MPT-MA pediu o pagamento de
indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 1 milhão a ser revertido ao
Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) ou a órgãos públicos e instituição sem
fins lucrativos de reconhecido valor e atuação social.
fonte: MPT-MA
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