OUTRO MINISTRO CAI DO GOVERNO TEMER.
O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano
Silveira, entregou ao presidente interino Michel Temer, na noite desta
segunda-feira (30), sua carta de renúncia ao cargo. Desde a noite deste domingo (29), após a divulgação do áudio de
uma conversa em que Silveira criticava a Operação Lava Jato e orientava
investigados quando era conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
órgão que fiscaliza o Poder Judiciário, entidades e servidores vinham
pressionando pela renúncia do titular da pasta.
Mais cedo, o presidente interino Michel Temer ligou para Silveira,
pedindo que o ministro permanecesse no governo, apesar das pressões contrárias
após o vazamento do áudio. Silveira não deu uma resposta definitiva e
afirmou que pretendia ouvir alguns assessores para decidir. O ministro
vinha temendo pelo "embaraço" que causaria, sobretudo com o aumento
de pedidos dentro do próprio governo e do PMDB, da oposição e dos
servidores.
No áudio da conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio
Machado e divulgada neste domingo (29), Silveira diz, logo após ouvir
críticas de Machado ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que
"eles estão perdidos nessa questão [da Lava Jato]". Os áudios foram
exibidos pelo programa Fantástico, da TV Globo.
De acordo com a reportagem, a gravação foi feita no final
de fevereiro, na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros. Foi
Renan quem indicou Fabiano, que era servidor do Senado, ao CNJ. Machado
informou que foi à casa de Renan para conversar sobre providência a
tomar em relação à Operação Lava Jato. Ele disse aos procuradores ainda que
outro advogado, Bruno Mendes, esteve no encontro.
A reportagem indica que o agora ministro Fabiano Silveira e o advogado
Bruno Mendes orientaram os investigados sobre como lidar com a
Procuradoria-Geral da República (PGR). O ministro também teria procurado
integrantes da força-tarefa da Lava Jato para pedir dados de inquéritos sobre
Renan Calheiros.
O ministro também recomendou que Renan não adotasse argumentos
específicos. "Está entregando já a sua versão pros caras da... PGR,
né. Entendeu? (...) Quando você coloca aqui, eles vão querer rebater os
detalhes que colocou", afirmou.
Fabiano recomendou ainda que Sérgio Machado procurasse o relator de um
dos processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), sem
citar nomes. m outro trecho, Renan manifesta preocupação com um processo
específico da Lava Jato, a denúncia de que sua campanha teria
recebido R$ 800 mil como propina numa licitação de frota na
Transpetro. "Cuidado, Fabiano! Esse negócio do recibo... Isso me
preocupa pra caralho", disse o presidente do Senado.
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