Festa de São Marçal pode não acontecer este ano
Biné Moraes |
O mês de junho vai passando e os
arraiais de São Luís estão cada vez mais lotados para cultuar a cultura maranhense durante todo o São João
que é a única em todo Brasil com a beleza exclusiva do Bumba meu boi.
São diversos sotaques que vão do
sotaque da ilha ao sotaque de orquestra, passando pelo sotaque costa-de-mão, de
zabumba e da baixada. Mas é na noite do
dia 29 para o dia 30 de junho que só um sotaque prevalece, o histórico e
tradicional sotaque de matraca que reuni a tradição do bumba meu boi em um só lugar
há 90 anos.
São mais de 300 mil pessoas que passam pelo local
durante a festa e mais de 50 grupos de bumba meu boi com suas matracas,
pandeirões, tambores onças e muita alegria na companhia de brincantes. O
encontro de bois para reverenciar São Marçal ocorre desde 1928 e esse ano pode
não acontecer.
Faltando 13 dias para a grande festa
que consagra o fim do São João no Maranhão uma ameaça pode comprometer a Festa
de São Marçal do João Paulo,
“verba”. Segundo o presidente do
Instituto São Marçal de Cultura e Desenvolvimento Social (que organiza a festa
a mais de 30 anos), Raimundo Moraes que preside desde 1985 até agora o poder
público não manifestou nenhum interesse em patrocinar o evento.
Segundo um dos membros da diretoria do
Instituto Paulo de Tarso, não existe nada garantido para que a festa possa
acontecer e ressalta que existe a Lei municipal de nº 4544/05 que celebrar o dia de São Marçal, além de
celebra também o Dia Municipal do Brincante de Bumba Meu Boi, instituído pela
Lei Municipal nº4544, de 23 de novembro de 2005, que é o dia 30 de junho. Ainda
de acordo com Tarso “já que existe a Leia a prefeitura deveria se
responsabilizar com a lojista do evento e isso não acontece em sua plenitude há
mais de quatro anos”.
O instituto já procurou a
prefeitura diversas vezes (desde o final
do carnaval de 2017) e nunca foi chamado para fechar um patrocínio que possa
garantir todo o brilho do evento, diante da falta de acesso a Func (Fundação
Municipal de Cultura) e a secretaria de cultura do estado o presidente do
Instituto deixa bem claro que neste momento a entidade não dispõe de condições financeiras para
fazer a festa, “ainda não foram repassados nenhuma verba do poder público para
a promoção do evento” (compra dos troféus, do lanche dos policiais, dos
ingredientes para a tradicional feijoada, para o aluguel da estrutura de som e
palco, dentre outros custos) finaliza.
Segundo o presidente o orçamento previsto é de R$
50 mil. No ano passado esse mesma quantia foi repassada mais com antecedência.
Agora com menos de 15 dias do evento isso pode comprometer uma das festas mais tradicionais da cultura
popular maranhense.
Histórico - O primeiro encontro de bois no João Paulo
data de 29 de junho de 1928, quando os batalhões do Sítio do Apicum, o Boi do
Lugar dos Índios, do povoado de São José dos Índios, em Ribamar, e do Boi da
Maioba se reuniram no espaço onde hoje é a Praça Ivar Saldanha.
O encontro foi em resposta ao pedido de José
Pacífico de Moraes, comerciante, apreciador da cultura popular, que resolveu
reproduzir, em seu bairro, um encontro que já ocorria desde 1924, todo dia 29,
em honra a São Pedro, na então Vila do Anil. O encontro se repetiu todos os
anos até 1949, quando foi para o Monte Castelo, mas ficou lá somente um ano.
Depois, foi para o Bairro de Fátima e rodou por outros bairros até retornar ao
João Paulo, em 1959.
Somente nos anos 1980, a festa tomou a forma que
tem hoje. Em 2006, a Prefeitura de São Luís, depois de ter sancionado a lei que
alterou o nome da Avenida João Pessoa para São Marçal, atribuiu à Festa de São
Marçal, através da lei Nº 4626 de 14 de julho, o título de bem cultural e
imaterial, transformando a data no Dia Municipal do Brincante de Bumba Meu Boi.
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