O PAGAMENTO É COM DINHEIRO, CHEQUE, CARTÃO OU...CELULAR?
Entrar em uma loja, escolher os
produtos e, na hora de pagar, colocar a mão no bolso e sacar o celular. A cena
deve se tornar corriqueira em breve no Brasil. Apesar de disponível, a
tecnologia de pagamento móvel que usa o
telefone em vez do cartão de plástico ainda é pouco difundida no país e, para mudar
esse quadro e dar ao consumidor mais um meio de pagamento, o governo trabalha
na elaboração de uma lei que regule o serviço. De acordo com a Gartner
Consultoria, o volume mundial dessa modalidade de transação deve aumentar de
US$ 171,5 bilhões este ano para US$ 617 bilhões em 2016.
Com as normas de
uso, o país deve viver um boom nas aplicações e no número de lojistas aderindo
ao sistema em 2013 prevê Frank Meylan,
sócio-líder da prática de Management Consulting da KPMG.
Na prática, o
celular vira uma “carteira eletrônica para guardar dinheiro”. Da mesma forma
que abastece aparelhos pré-pagos, o cidadão poderá encher sua carteira
eletrônica e usar os recursos para pagar contas e serviços como o taxista, o
jardineiro, a manicure e até o ambulante da praia. Pequenos prestadores de serviços
não precisarão manter uma máquina de cartão de crédito para receber pagamentos
eletrônicos.
Em países em
desenvolvimento, o celular vem sendo usado para integrar a população sem acesso
ao sistema bancário, oferecendo uma forma de guardar dinheiro e efetuar
transações. Nos países ricos, a tecnologia é usada para dar mais comodidade aos
consumidores.
No Brasil, com 259 milhões de linhas ativas
espalhadas por todas as camadas sociais, o uso deve ser híbrido. No primeiro
modelo, qualquer aparelho que possa mandar mensagem e receber crédito está apto
para fazer pagamentos. O dinheiro é carregado como nos pré-pagos, e a
autorização da compra é via SMS. Também é possível transferir valores entre
celulares. No segundo, o telefone precisa ser mais moderno, com acesso à
internet ou chip NFC (Near Field Communication).
Temos que analisar os diferentes
públicos existentes e adequar as soluções. Não se deve pensar em uma solução
única para todas as necessidades diz
Meylan. Falta de hábito e de infraestrutura dificultam
Além da
abrangência e praticidade, o pagamento móvel tem outras vantagens em relação ao
cartão de plástico. Para lojistas, as taxas de administração são menores e o
extrato de recebimento tem informações mais precisas sobre os clientes. Para
consumidores, a segurança é a principal delas.
Hoje, você tem
que entregar o cartão para o lojista. Com o celular, não. Vai acabar com o
risco de clonagem diz João Moretti,
diretor da MobilePeople. Apesar das facilidades, há barreiras para a adoção da
tecnologia no país. O presidente da Associação Brasileira de Comércio
Eletrônico, Mauricio Salvador, aponta a falta de hábito dos consumidores e a
infraestrutura deficiente. Segundo ele, a pouca oferta de aparelhos com NFC e a
baixa velocidade de acesso à internet prejudicam o segmento: o brasileiro está
acostumado a comprar aplicativos em smartphones, mas compras maiores, não. E
com a velocidade da internet, é mais rápido pagar com cartão.
De acordo com
Salvador, à medida que os consumidores aderirem ao sistema, o número de
lojistas no sistema tende a aumentar. Em outros países você já pode usar o
celular para quase tudo. Mercados, farmácias, shows, até compras em máquinas.
A expectativa do governo brasileiro é
que o novo sistema incentive transações eletrônicas e diminua o uso de dinheiro
vivo no país
Sérgio Matsuura e Gabriela Valente do
Jornal O Globo.
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