CINZA EM CASA APÓS CREMAÇÃO É PROIBIDA PELO VATICANO.
O Vaticano divulgou hoje (25)
regras para a cremação de católicos, que incluem a proibição à conservação das
cinzas do morto em casa, evitando que elas se tornem "lembranças
comemorativas".
As normas estão presentes em uma instrução da Congregação para a
Doutrina da Fé aprovada pelo papa Francisco. De acordo com o documento, se for
escolhida a cremação, as "cinzas do defunto devem ser mantidas em um lugar
sacro, ou seja, nos cemitérios, e a conservação das cinzas no ambiente
doméstico não é permitida".
O Vaticano abre exceção apenas para casos envolvendo
circunstâncias graves e excepcionais, dependendo das condições culturais de
caráter local. "No entanto, as cinzas não podem ser divididas entre os
membros da família e devem ser respeitadas as condições adequadas de
conservação", acrescenta a instrução.
Além disso, a Igreja Católica proíbe que o resultado da cremação
seja transformado em "lembranças comemorativas" e "objetos de
joalheria", indo contra a prática de colocar as cinzas em adereços como
colares, para recordar o ente querido.
Outro hábito comum, o de espalhar as cinzas no mar ou em
qualquer outro tipo de ambiente, também foi vetado pela Congregação para a
Doutrina da Fé. "Para evitar qualquer tipo de equívoco panteísta,
naturalista ou niilista, não é permitida a dispersão das cinzas no ar, na
terra, na água ou de outro modo", afirma o documento.
Caso o morto tenha expressado em vida o desejo de ser cremado
por razões contrárias à fé cristã, a Igreja deve negar a realização de seu
funeral. "A Igreja não pode permitir abordagens e ritos que envolvam
concepções erradas da morte, como a anulação definitiva da pessoa, o
momento de sua fusão com a mãe natureza ou com o universo, uma etapa no
processo de reencarnação ou a libertação definitiva da prisão do corpo",
indica a instrução aprovada pelo papa.
Embora diga que a cremação de um cadáver não é por si só a
negação da fé cristã, o documento ressalta que a preferência continua sendo
pelo sepultamento dos corpos. As regras são uma forma encontrada pelo Vaticano
de regulamentar uma prática difundida em muitos países, mas que em alguns casos
está baseada em ideias que contrariam a doutrina católica.
A cremação é permitida pela Santa Sé desde 1963, desde que não
seja um ato de contestação da fé. "A Igreja não tem razões doutrinárias
para impedir tal praxe, já que a cremação do cadáver não atinge a alma e não
impede a onipotência divina de ressuscitar o corpo. Mas a Igreja continua
preferindo o sepultamento porque assim se mostra uma estima maior em relação
aos mortos", acrescenta o documento.
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