... E “DEUS SEJA LOUVADO” CONTINUA NO REAL.
A 7ª Vara de
Justiça de São Paulo negou na quinta-feira (29) pedido de antecipação de tutela
feito pelo Ministério Público Federal solicitando que a União e o Banco Central
retirassem, no prazo de 120 dias, a expressão “Deus seja louvado” de todas as
cédulas a serem impressas.
A juíza
federal Diana Brunstein argumenta na decisão que “não foi consultada nenhuma
instituição laica ou religiosa não cristã que manifestasse indignação perante
as inscrições da cédula e não há notícia de nenhuma outra representação perante
o Ministério Público neste sentido. Entendo este fato relevante na medida em
que a alegação de afronta à liberdade religiosa não veio acompanhada de dados
concretos, colhidos junto à sociedade, que denotassem um incômodo com a
expressão ‘Deus’ no papel-moeda”.
A decisão é
provisória e o processo segue agora os trâmites normais. Não há previsão de
quando a ação será julgada. O que foi negado nesta quinta-feira foi o pedido de
antecipação de tutela, pois a Justiça interpretou não se tratar de algo
urgente.
Um dos
principais argumentos apresentados pela Procuradoria da República no Estado de
São Paulo pedindo a retirada da frase é que o Estado brasileiro é laico e,
portanto, deve estar completamente desvinculado de qualquer manifestação
religiosa.
Uma das
teses da ação é que a frase “Deus seja louvado” privilegia uma religião em
detrimento das outras. Como argumento, o texto cita princípios como o da
igualdade e o da não exclusão das minorias.
Para a juíza
da 7ª Vara Federal, “a menção a expressão Deus nas cédulas monetárias não
parece ser um direcionamento estatal na vida do indivíduo que o obrigue a
adotar ou não determinada crença, assim como também não são os feriados
religiosos e outras tantas manifestações aceitas neste sentido, como o nome de
cidades, exemplificativamente”.
Desde 1986
A inclusão
da expressão nas cédulas aconteceu em 1986, por determinação do então
presidente José Sarney, de acordo com informações do Ministério da Fazenda
passadas à procuradoria. Em 1994, com o Plano Real, a frase foi mantida pelo
ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, supostamente por ser “tradição
da cédula brasileira”, apesar de ter sido inserida há poucos anos, diz.
Um dia
depois de o MPF entrar com a ação na Justiça, Sarney criticou a situação.
"Eu acho que é uma falta do que fazer, porque, na realidade, precisamos
cada vez mais ter a consciência da nossa gratidão a Deus por tudo o que ele fez
por todos nós humanos e pela criação do universo. Nós não podemos jamais perder
o dado espiritual. Eu tenho pena do homem que na face da terra não acredita em
Deus", disse o presidente do Senado.
Fonte: G 1
Comentários
Postar um comentário