UM RECADO À POLICIA FEDERAL.
Tensão!
O novo ministro da Justiça,
Eugênio Aragão, deu um recado claro à Polícia Federal (PF) depois de assumir:
se desconfiar de vazamento de informações por parte de policiais, fará trocas
na equipe. Aragão fez as declarações em entrevista à Folha de S. Paulo,
divulgada neste sábado. A fala de Aragão causou inquietação entre delegados,
que entendem estarem sendo "intimidados".
O ministro disse que nem precisa ter provas e que, se
"cheirou" vazamento, a equipe será trocada. Declarou ainda ter
preocupação com a "qualidade ética" dos agentes e que vazamento é
coisa "clandestina". Ressaltou que entre o interesse público, o
direito do cidadão de ter a informação, e a presunção de inocência, ele fica
com a presunção.
_” Estamos chocados. Existe um recado, parece que querem ter ingerência
na PF. Sentimo-nos intimidados e tentamos entender o significado desse recado. “
O que estará o Ministério da Justiça preparando em relação à Polícia Federal? _
reagiu o delegado Josemauro Pinto Nunes, diretor regional da Associação
Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF).
Sobre possíveis afastamentos sumários, o delegado foi taxativo:
_ Como afastar sem provas? E o devido processo legal? Vai ser caça à s
bruxas? Concordamos que não pode haver vazamentos. Mas não pode afastar sem
investigar.
Sobre possível troca no comando da PF, explicou à Folha que ninguém tem
permanência garantida no ministério, a não ser o secretário-executivo,
Marivaldo Pereira. Ao comentar para a Folha a relação com a PF, garantiu que
não vai interferir na atividade fim da polícia, mas que precisa saber do
planejamento para se preparar para eventuais impactos políticos.
Aragão ressaltou que a PF não tem independência funcional, é um
"órgão hierárquico" e está "sob supervisão" da pasta. O
ministro também criticou a forma como as delações premiadas estão sendo feitas
na Operação Lava-Jato e atenuou as falas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, registradas em grampo autorizado pela Justiça.
Na conversa, Lula se refere a Aragão dizendo que ele precisa ter
"pulso forte" e ser "homem". Aragão disse se tratar de uma
conversa "privada" de Lula, questionou o interesse público da
divulgação e classificou como "fofoca". Quanto à relação com o PT,
admitiu ter amizade por membros do partido, como José Genoíno, ex-presidente do
PT.
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