AS MULHERES SÃO AS MAIS DEMITIDAS EM TEMPO DE CRISE NO BRASIL.
A
crise econômica está destruindo, com mais força, o mercado de trabalho para um
dos grupos que foi determinante à reeleição da presidente Dilma Rousseff: as
mulheres. Neste ano, a taxa de desocupação entre elas saltou de 6%, em janeiro,
para 8,7%, em setembro, segundo a Pesquisa Mensal do Emprego (PME) do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na mesma base de comparação, o
desemprego entre os homens pulou de 4,7% para 6,6%. Na avaliação de
especialistas, as empresas estão preferindo demitir as mulheres por terem
salários menores as rescisões de contratos são mais baratas, mesmo sendo
elas, na maior parte dos casos, mais escolarizadas e produtivas, e por
preconceito, pois muitas se ausentam por causa da maternidade.
Os
números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE), confirmam esse quadro preocupante, principalmente
em estados menos desenvolvidos, nos quais a inserção da mulher no mercado de
trabalho sempre foi mais difícil. Em Alagoas, enquanto as demissões das
profissionais subiram 7,1% ante os 12 meses imediatamente anteriores, entre os
homens, os desligamentos recuaram 9,8%. Na Paraíba, o fechamento de vagas
entres as trabalhadoras foi 8,7% maior; entre eles, houve incremento de
minguado 0,3%. No Piauí, os cortes entre as mulheres saltou 17,1% e, entre os
homens, 3,7%. Essas discrepâncias mostram que a desigualdade no mercado de
trabalho voltou a aumentar.
Desligamentos
“A
questão é: os homens estão sendo desligados com menos frequência do que as
mulheres”, diz Fábio Bentes, economista sênior da Confederação Nacional do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). “É uma regressão. Nos anos de
bonança, mais mulheres entraram no mercado. Agora, com a recessão, são elas as
que mais sofrem com o fechamento de vagas formais”, acrescenta. A tendência,
ressalta Bentes, é de esse quadro se agravar à medida que a economia afunda. Em
2012, elas chegaram a responder por 45,5% dos postos de trabalho. No fim do ano
passado, esse índice já estava em 43,2%.
Na
opinião do professor Carlos Alberto Ramos, do Departamento de Economia da
Universidade de Brasília (UnB), a crise econômica pode estar amplificado o
preconceito contra as mulheres no mercado de trabalho. “Existe uma lógica
econômica que, diante da possibilidade de gravidez e da ausência por conta dos
filhos, o empregador tenda a contratar um homem. Já os que dão chances às
mulheres oferecem rendimentos menores, mesmo que elas sejam mais produtivas”,
afirma. Nos cálculos de Fábio Bentes, da CNC, em média, os salários pagos a
elas são 20,8% menores que os dos homens.
Trabalhando
por conta própria
Pelos
dados do Caged, 7,6 milhões de mulheres perderam o emprego neste ano. Como as
demissões vão continuar, diz Tiago Cabral Barreira, pesquisador do Instituto
Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), a tendência é de
que parte delas migre para a informalidade, trabalhando por conta própria.
No
comércio, os homens recebem salário médio de R$ 1,7 mil e as mulheres, de R$
1,4 mil. Se a decisão for por demitir um homem com 10 anos trabalhados, somente
com o pagamento da multa de 40% sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS) a empresa gastará R$ 6,9 mil. Se o corte for de mulher com o
mesmo tempo de casa, a despesa será de R$ 5,6 mil. Isso pesa na decisão dos
lojistas na hora de enxugar o quadro de pessoal. Vale lembrar
que 43,2% das mulheres ocupam vagas hoje no mercado de trabalho.
FONTES: IBGE e O Imparcial.
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